E, dizia, durante os nossos colóquios, que cultura nada mais representava senão a experiência partilhada e que não havia nenhum valor em conhecer sem divulgar. Em ler sem discutir, e assim preconizava os encontros literários e culturais, entre afins, como a solução para a própria saúde da alma humana. As Academias, dizia Hildebrando Siqueira, - poeta e jornalista, historiador e orador significativo - significam o ponto alto dos encontros intelectuais, não apenas a premiação, o galardão que se entrega a quem dele faz jus, mas o marco, sinal, roteiro, do próprio pensamento cultural caboclo e deve ser, a Academia, o permanente diálogo das grandezas da própria sensibilidade.
Pertenço à Academia Campinense de Letras - com muito poucos méritos e quando eleito escolhi para meu patrono meu Pai, Hildebrando Siqueira, convencido de que dele deveria ser a cadeira que ocupava, ele sim, o literato por excelência, mas e principalmente porque senti que deveria mantê-lo conosco, ali naquele novo cenáculo, para que continuasse o diálogo da própria cultura, por minha alma e meu comportamento como se fora, o meu próprio corpo, e extensão de sua enorme sensibilidade. Porque prezava as Academias e mais do que todas a Brasileira de Letras, e porque defendia a importância dos encontros culturais preconizo em sua memória nossa Academia Campinense de Letras neste novo ano de trabalho, a função político-social dentro do campo da cultura, de centro aglutinador de estudos, reflexos, orientação de inteligência para a inteligência que se deve forrar de novos conhecimentos e mais do que tudo isto, aquela que se deve enriquecer com a troca esplêndida que se efetiva no diálogo constante. Às academias está reservado o papel de sinalizador dos tempos - não apenas apelo e advertência, mas pronunciamento engajado e definidor, através da cultura e da experiência partilhada, a fim de que a verdade se instale - como o único remédio à própria dignidade humana - verdade que agrida e por isso mesmo desperte.
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